Ansiedade: o que é, como controlar uma crise e 25 sintomas

O que é Ansiedade?

A ansiedade, caracterizada como um sentimento de preocupação, quando em excesso, se torna uma doença. Este quadro faz com que a pessoa apresente sintomas de angústia medo extremo diante de situações simples da rotina.

Causas

Não se sabe ao certo por que algumas pessoas são mais propensas à ansiedade excessiva do que outras. Alguns dos fatores que podem estar envolvidos nisso são:

  • Genética, ou seja, histórico familiar de transtornos de ansiedade
  • Ambiente, por exemplo, passar por algum evento traumático ou estressante
  • Mentalidade ou modelo de pensamento, ou seja, a forma como a pessoa estrutura seus pensamentos ou linhas de raciocínio e, consequentemente, encara as situações do dia a dia
  • Doenças físicas.

Entre as doenças físicas que podem estar relacionadas à ansiedade, estão:

  • Problemas cardiovasculares, como as arritmias cardíacas
  • Doenças hormonais, como hipertireoidismo ou o hiperadrenocorticismo (aumento de atividade da glândula adrenal)
  • Problemas respiratórios, como o DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica)
  • Dores crônicas
  • Abuso de drogas, álcool ou medicações como os benzodiazepínicos.

Até mesmo eventos como concussões, tumores cerebrais, excesso de cortisol pelo corpo e infecções por bactérias chamadas estreptococos podem se assemelhar à ansiedade.

Relação entre medo e ansiedade

É importantes lembrar que a ansiedade por si só é uma emoção normal ao ser humano, e surge comumente ao enfrentarmos situações estressantes.

A ansiedade é algo muito próximo da preocupação, um medo, um temor de que as coisas não saiam como nós gostaríamos.

Todos esses componentes são necessários para a nossa evolução e sobrevivência. Entretanto, o que não pode ocorrer é um exagero de qualquer um deles.

O tempo prolongado de ansiedade (a chamada ansiedade crônica) aumenta o nível de tensão e o estresse interno e pode levar ao surgimento do medo específico ou até mesmo irreal.

Tipos

Existem diversos tipos de distúrbios de ansiedade. Os mais comuns são:

Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

O transtorno de ansiedade generalizada, conhecido pela sigla TAG, ocorre quando a ansiedade persiste por longos períodos de tempo e passa a interferir nas atividades do dia a dia.

O principal sintoma do quadro é a “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”.

Síndrome do pânico

A síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que não haja motivo algum para isso ou sinais de perigo iminente.

Fobia social

Esse distúrbio é caracterizado pelo extremo desconforto e pavor com situações sociais, como ambientes novos, desconhecidos e cheios de pessoas estranhas; encontros sociais; falar em público; e outras situações do tipo.

Esse comportamento é característico de um distúrbio conhecido popularmente como fobia social, ou transtorno da ansiedade social. 

Transtorno obsessivo compulsivo (TOC)

O transtorno obsessivo-compulsivo, conhecido popularmente pela sigla TOC, é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade. Sua principal característica é a presença de crises recorrentes de pensamentos obsessivos, intrusivos e, em alguns casos, comportamentos compulsivos e repetitivos.

Transtorno de estresse pós-traumático

O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) pode ser definido como um distúrbio da ansiedade caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais.

Esse quadro ocorre devido à pessoa ter sido vítima ou testemunha de atos violentos ou de situações traumáticas que representaram ameaça à sua vida ou à vida de terceiros. Quando ela se recorda do fato, revive o episódio como se estivesse ocorrendo naquele momento e com a mesma sensação de dor e sofrimento vivido na primeira vez.

Sinais

A ansiedade pode causar sintomas mentais e físicos. Veja quais são os principais:

Sintomas psicológicos da ansiedade

  • Constante tensão ou nervosismo
  • Sensação de que algo ruim vai acontecer
  • Problemas de concentração
  • Medo constante
  • Descontrole sobre os pensamentos, principalmente dificuldade em esquecer o objeto de tensão
  • Preocupação exagerada em comparação com a realidade
  • Problemas para dormir
  • Irritabilidade
  • Agitação dos braços e pernas.

Sintomas físicos da ansiedade

  • Dor ou aperto no peito e aumento das batidas do coração
  • Respiração ofegante ou falta de ar
  • Aumento do suor
  • Tremores nas mãos ou outras partes do corpo
  • Sensação de fraqueza ou fadiga
  • Boca seca
  • Mãos e pés frios ou suados
  • Náusea
  • Tensão muscular
  • Dor de barriga ou diarreia.

Sintomas da crise de ansiedade

Os ataques de pânico, ou crises de ansiedade, são uma reação comum aos transtornos de ansiedade, principalmente na síndrome do pânico. Suas principais características são:

  • Sensação de nervosismo e pânico incontroláveis
  • Sensação de morte
  • Aumento da respiração
  • Aumento da frequência cardíaca
  • Tonturas e vertigens
  • Problemas gastrointestinais.

Em alguns casos, os sintomas físicos são tão intensos que podem ser confundidos com doenças como infarto e outros eventos cardiovasculares.

Relação entre ansiedade e depressão

A ansiedade e a depressão podem ter sintomas muito semelhantes, como:

  • Medos
  • Insônia
  • Insegurança
  • Dificuldades de concentração
  • Irritabilidade.

Um estudo, que ficou conhecido como Kendell, mostrou que o diagnóstico de depressão passa para a ansiedade em 2% dos casos, enquanto os casos de ansiedade se tornam depressão em 24%.

Uma explicação para isso é que os pensamentos negativos que o a pessoa com ansiedade têm sobre si mesmo podem ser gatilhos para a depressão.

Além disso, grande parte das pessoas com transtornos de ansiedade evitam as situações que podem desencadear sintomas e, com isso, passam a viver de forma muito restrita, como não sair de casa sozinho, não participar de encontros e outros eventos sociais. Quanto mais a ansiedade abala a vida de uma pessoa, maior a chance de ela ficar deprimida.

Por fim, tanto a ansiedade quanto à depressão costumam estar ligadas a disfunção de neurotransmissores chamado monoaminas, que englobam a serotonina.

Diagnóstico

O profissional começará investigando se há alguma causa física para a ansiedade excessiva. Enquanto isso, ele também terá uma conversa para fazer uma análise e entender quais condições podem estar provocando o problema.

Existem alguns “marcadores biológicos” que também podem estar ligados à ansiedade, como a dosagem de cortisol (um hormônio importante no estresse), alterações de glicemia ou dos hormônios sexuais, entre outros.

Caso o médico não identifique causas físicas, ele pode comparar os sintomas com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) para entender qual é o quadro.

Fatores de risco

Algumas pessoas são mais propensas a terem distúrbios de ansiedade. Os principais fatores de risco são:

  • Eventos traumáticos na infância ou mesmo vida adulta
  • Estresse relacionado a doenças físicas sérias
  • Acúmulo de estresse
  • Tipo de personalidade, já que algumas pessoas tem uma personalidade naturalmente ansiosa, como os perfeccionistas e os controladores
  • Abuso de substâncias, como álcool, cigarro e drogas ilícitas.

Exames

Para excluir a possibilidade de doenças físicas, podem ser pedidos exames como:

  • Exames de sangue
  • Exames da tireoide
  • Exame físico durante a consulta
  • Exames neurológicos

Na consulta médica

Especialistas que podem diagnosticar a ansiedade são:

  • Clínico geral
  • Psiquiatra
  • Psicólogo.

Buscando ajuda médica

Como saber que minha ansiedade é um problema?

O ideal é procurar ajuda médica a partir do momento em que o distúrbio de ansiedade produz algum tipo de desprazer ou sofrimento, interferindo negativamente na qualidade de vida. 

A preocupação excessiva com pequenos problemas, irritação, humor explosivo e comportamento evitativo (a pessoa passa a evitar lugares cheios ou fechados, como shoppings, aviões, elevadores, etc.) são sinais claros de um transtorno ansioso.

A sensação de que o cérebro não desliga e mudanças de hábitos do dia a dia também são fatores importantes.

Sentir ansiedade é normal, mas quando ela passa a ser persistente e fora de seu controle, é bom marcar uma consulta médica com um psiquiatra. Principalmente se há:

  • Preocupação excessiva, a ponto de interferir no trabalho, relacionamentos e em outras partes de sua vida
  • Sintomas de depressão, de alcoolismo ou dependência química a drogas
  • Pensamentos ou comportamentos suicidas.

Preocupações derivadas da ansiedade e seus transtornos não desaparecem por conta própria – pelo contrário, elas só tendem a piorar. Por isso, tratamento e suporte médicos são imprescindíveis.

Procurar ajuda médica antes da ansiedade se tornar um problema ainda maior também é crucial para evitar complicações.

Tratamento

Caso a ansiedade excessiva esteja relacionada a uma doença física, seu tratamento adequado já trará alívio dos sintomas.

No entanto, se o paciente sofre de algum transtorno de ansiedade, o tratamento pode envolver diversas abordagens:

Psicoterapia

A psicoterapia com um psicólogo pode ajudar o paciente a entender os fatores do dia a dia que desencadeiam sua ansiedade, reduzir seus sintomas e trabalhar os eventos que o levaram a desenvolver este problema. Algumas das técnicas utilizadas são:

  • Psicanálise freudiana;
  • Psicanálise junguiana;
  • Psicanálise lacaniana;
  • Gestalt;
  • Terapia cognitivo-comportamental.

Remédios para ansiedade

Diversos remédios podem ser usados para o tratamento da ansiedade, como:

Antidepressivos: o tratamento de escolha para os transtornos ansiosos é feito com certos grupos de antidepressivos, especialmente os que têm uma boa atuação em um neurotransmissor chamado serotonina. Eles são sugeridos para tratamento mais prolongados em razão do baixo risco de dependência e pela facilidade em serem retirados de forma lenta e gradual na fase final do tratamento.

Ansiolíticos: esses medicamentos agem de várias formas a depender do sistema de neurotransmissão que atuam. Os ansiolíticos tarja preta são usados na fase aguda da doença para alívio dos sintomas físicos da ansiedade, agem no sistema chamado GABA – que reduzem a hiperatividade cerebral a níveis adequados. Mas só funcionam com os sintomas, sem melhorar a causa.

Antipsicóticos: alguns antipsicóticos, como a quetiapina, podem ser usados como paliativos durante os períodos mais críticos dos quadros ansiosos. Entretanto, tal como os ansiolíticos, eles apenas aliviam sintomas, não tratando a causa.

Tratamentos naturais para a ansiedade

Pacientes já diagnosticados com um transtorno devem ter mudanças no seu estilo de vida que podem reduzir a ansiedade. O psiquiatra Leonardo Maranhão indica algumas:

Controle da jornada de trabalho: “adultos até 50 anos não devem devem trabalhar mais de 40 horas semanais e, acima dessa idade, é recomendado que a jornada seja reduzida para cerca de 25 horas”, explica o médico.

Investir em momentos de lazer: ter momentos que fujam do estresse, como passeios no parque, interação com animais de estimação e viagens são importantes para ter mais qualidade de vida e reduzir a ansiedade.

Dieta mais natural: incluir alimentos mais naturais, como frutas, verduras e cereais, ajuda a reduzir o número de aditivos químicos no prato. Além disso, os alimentos possuem nutrientes que podem atuar diretamente nos neurotransmissores do cérebro, substâncias que podem desencadear o bem-estar ou a ansiedade.

Crise de ansiedade: o que fazer durante uma?

É muito importante não tentar lutar contra o pânico, pois este não é um mecanismo consciente, ele é decorrente de mecanismos automáticos cerebrais localizados em regiões automáticas ou não conscientes. Faz parte de um complexo sistema de defesa do organismo.

A pessoa pode tomar algumas ações:

  • Recorrer a técnicas de relaxamento, como meditação ou preces, por exemplo
  • Usar qualquer técnica de distração, como uma conversa suave, música suave, palavras que acalmem, massagem em regiões do corpo que produzem relaxamento
  • Controlar a respiração.

Tem cura?

A maior parte das pessoas com ansiedade começa a se sentir melhor e retoma as suas atividades depois de algumas semanas de tratamento. Por isso, é importante procurar ajuda especializada na unidade de saúde mais próxima.

O diagnóstico precoce e preciso da ansiedade, com tratamento eficaz e acompanhamento por um prazo longo, são imprescindíveis para obter melhores resultados e menores prejuízos.

Convivendo (Prognóstico)

15 dicas práticas para controlar a ansiedade

  • Pratique atividades físicas
  • Reduza seu estresse diário
  • Experimente controlar a respiração
  • Evite pensamentos negativos
  • Invista em alimentos com triptofano
  • Tome um chá
  • Mantenha foco de atenção no presente
  • Seja mais organizado
  • Esteja com quem você ama
  • Dedique tempo para se cuidar
  • Cuide dos seus pensamentos para sorrir mais
  • Confie mais em si mesmo
  • Desenvolva congruência
  • Fortaleça o autoconhecimento
  • Cuide bem do seu momento antes de dormir.

Alimentos que reduzem a ansiedade

Frutas cítricas: a vitamina C, presente nas frutas cítricas, diminui a secreção de cortisol, hormônio liberado pela glândula em resposta ao estresse

Leite, ovos e derivados magros: ótimas fontes de um tipo de aminoácido, o triptofano, que alivia os sintomas de ansiedade.

Carboidratos: o nutriente eleva o nível de açúcar no sangue, dando energia, bem-estar e disposição.

Banana: tem alto teor de triptofano qua a fruta carrega, ajudando na produção de serotonina.

Carnes e peixes: eles são a melhor fonte natural de triptofano, aminoácido que em conjunto com a vitamina B3 e o magnésio produzem serotonina. Além disso, contêm outro aminoácido chamado taurina, que disponibilidade de um neurotransmissor chamado GABA, que o organismo usa para controlar fisiologicamente a ansiedade.

Chocolate: é rico em flavonoides, um tipo de antioxidante que favorece a produção de serotonina.

Espinafre: contém folato (ácido fólico), que é uma potente vitamina antidepressiva natural, pois quando está em baixas concentrações no organismo também diminui os níveis cerebrais de serotonina.